Nem oito, nem oitenta
- Francisco Nakahara
- 8 de set. de 2018
- 2 min de leitura

Justamente quando o Pais mergulha no túnel do tempo e traz a mente de muitos seus piores tempos, profissionais experientes são cada vez mais rejeitados pelo mercado de trabalho. Ter 40 anos ou mais deixou de representar vantagem de conhecimento e experiência e passou a significar simplesmente aumento de custo em empresas que buscam cada vez mais aumentar ou recuperar suas margens.
Perdem todos, os profissionais que ficam à deriva trocando networking e aplicando em vagas que muitas vezes parecem miragem em um deserto namíbio global, as empresas que contratam serviços de menor qualidade e abrangência por preços que são mais baixos, mas não trazem o mínimo dos requisitos necessários, também perdem os novos talentos que na ausência de profissionais experientes para espelhar crescem através dos desafios que lhes são apresentados mas sem a certeza que as soluções são as mais adequadas.
Parece redução de custos, mas, ao final de algum tempo, normalmente, ocorre um acúmulo de tarefas, algumas delas até simples, que tornam os processos sensíveis e cheios de gargalos, devido à própria inexperiência, trazendo a necessidade de contratação de consultorias ou mesmo de troca de profissional com gasto de rescisão e busca de outro.
Outra situação é aquela em que o profissional acaba se dando muito bem e recebe outras propostas deixando a empresa sem um adequado back-up (claramente pela falta de oportunidade de criá-lo uma vez que teve que “crescer” ao invés de poder liderar), novamente custos de reposição e adaptação.
Claro, profissionais mais experientes podem contribuir para este cenário à medida que deixam de se atualizar e buscar evolução em assuntos que não dominam completamente, porém, o quadro mais comum atualmente é de puro conceito de redução e custos.
Outra consequência interessante, já abordado em outro post, é o reflexo dentro de startups que por sua complicada situação inicial (necessitando estratégias ágeis e forte controle na geração de recursos e contenção de custos) deveria buscar apoio de profissionais com experiência em conduzir esse tipo de processo ao invés disso, mesmo depois de fase de “funding-raise” permanece com a política inicial, isso pode explicar porque muitas naufragam ainda no início.
Enfim, a questão não é definir de um profissional dos 18 aos 25 tem valor no cargo A, dos 26 aos 40 cargo B, dali por diante cargo C, é questão de perceber que somente a mistura de experiência com jovialidade, ambição com resignação, conhecimento e curiosidade é que se pode manter a contínua evolução.
Há que se dar oportunidade aos jovens, há que manter a interação com os mais experientes a troca traz capacitação e conhecimento aos primeiros e energia aos segundos. Todos ganham, todos aprendem.
A evolução da medicina traz cada vez mais o aumento na expectativa de vida do humano e, claro, na expectativa de vida funcional, vamos pensar no valor gerado pela inclusão.
Vamos mudar os conceitos?
*Nota: texto publicado originalmente em 2016 no Linkedin, mas por ser cada dia mais atual decidi republicar aqui



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